" Crio para tornar a imaginação visível, uma forma de meditar com os olhos."
A arte chegou na minha vida de forma inesperada. Comecei a trabalhar aos 12 anos, e foi em um desses empregos, andando de Kombi pelas ruas de Goiânia, que vi pela primeira vez alguém desenhando formas abstratas. Aqueles desenhos, que à primeira vista pareciam sem sentido, despertaram minha curiosidade e, sem perceber, minha jornada artística havia começado.
Mesmo em um ambiente em que ser artista não era uma possibilidade real, continuei experimentando. Os desenhos causavam estranhamento, mas também revelavam algo novo: a liberdade de criar sem respostas prontas. Aos 20 anos, decidi mergulhar de vez na pintura. Participei de meus primeiros salões de arte e fui premiado com uma exposição já em 1988.
Desde então, sigo atuando entre a criação, a formação e a promoção da arte. Trabalhei como professor de pintura no Museu de Arte e, mais tarde, me formei em Design Gráfico pela FAV/UFG. A sala de aula me ensinou tanto quanto o ateliê: ser professor ampliou minha consciência sobre o fazer artístico e aprofundou minha dedicação à arte.
Meu trabalho transita entre o figurativo e o abstrato, com foco nas formas orgânicas, nas transparências e nas mutações visuais. Já explorei diversas técnicas e suportes — da pintura a óleo à fotografia, passando por micro pinturas em negativos e instalações. Mais recentemente, venho desenvolvendo obras híbridas, combinando tinta acrílica com o acrílico cristal (PMMA), que une pintura e escultura em um mesmo gesto criativo.
Minha arte nasce do mesmo impulso de quando, aos 13 anos, eu olhava para as nuvens e via formas de animais. Hoje sei que isso se chama pareidolia — e é esse jogo de imaginar e revelar imagens que guia meu trabalho. Muitas vezes, o que surge nas minhas obras remete ao interior do corpo humano, como se fossem imagens de ressonância magnética. Crio para tornar visível o invisível. Minha arte é, antes de tudo, uma forma de meditar com os olhos.